A partir do artigo sobre o projeto do Senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que propõe a obrigatoriedade
de filhos de políticos cursarem escola pública, vimos discutindo a questão da responsabilidade da sociedade com o ensino público. Claro, defenderei aqui argumentos a partir de minhas concepções políticas, do papel do Estado, da educação.
A motivação do projeto do Cristovam seria o fato de os políticos não terem responsabilidade com a educação pública, visto que podem pagar escolas particulares para seus filhos. Por isso, acredito que o projeto é um passo importantíssimo em um debate crucial: ensino público para quem?
Apoio o projeto do Senador, acho interessantíssimo, um bom começo. Mas iria além – assumindo o risco da polêmica e das divergências políticas: por que só os agentes públicos? Só eles tem responsabilidade com a nação?
de filhos de políticos cursarem escola pública, vimos discutindo a questão da responsabilidade da sociedade com o ensino público. Claro, defenderei aqui argumentos a partir de minhas concepções políticas, do papel do Estado, da educação.
A motivação do projeto do Cristovam seria o fato de os políticos não terem responsabilidade com a educação pública, visto que podem pagar escolas particulares para seus filhos. Por isso, acredito que o projeto é um passo importantíssimo em um debate crucial: ensino público para quem?
Apoio o projeto do Senador, acho interessantíssimo, um bom começo. Mas iria além – assumindo o risco da polêmica e das divergências políticas: por que só os agentes públicos? Só eles tem responsabilidade com a nação?
Creio que um dos maiores entraves para a educação pública nacional é justamente o fato das elites (e grande parte da classe média, mesmo a classe média baixa, que as vezes o faz com o suor de muito trabalho, devemos considerar) poderem “escapar” da escola pública e ter acesso a um ensino de maior qualidade (mas só disponível a quem pode pagar). Assim, a má qualidade não é um problema que os atinge, pelo contrário, a maioria se acomoda com a manutenção de seu status superior, com a “vantagem comparativa” de terem acesso a um ensino diferenciado.
É claro, o problema tem que ser entendido historicamente, e dentro de conjunturas políticas. Uma idéia que vem de muito tempo atrás, e foi repercutida em muitos países com o neoliberalismo, é que o dever da educação pelo Estado é apenas com a “educação básica” que deve produzir “ordem” social, o que eu chamaria de educação para o adestramento. Uma educação aos pobres, ruim, básica, para ocupá-los e “adestrá-los”; outra, de um nível bastante superior, para os ricos, para quem pode pagar.
[Um curto e interessante texto sobre a educação como questão nacional, trazendo um interessante histórico das diferentes visões sobre a escola e o papel do Estado na educação é a introdução deste livro de Dermeval Saviani, intitulada "Educação como questão nacional".]
Por isso faço a provocação: será que se todos fossem obrigados a matricular seus filhos em escolas públicas, não passaríamos a encarar a questão com mais seriedade? Ela não seria, realmente, uma questão do país, um desafio a ser vencido por todos? E ela não poderia ajudar, aí sim, a vencer abismos sociais?
Continuarei a polemizar nas próximas semanas, mas aguardo as considerações de vocês!
Fonte: http://www.futuroprofessor.com.br/ensino-publico-para-quem
Nenhum comentário:
Postar um comentário