Síntese : Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame.

Tanto os pais, professores e até os alunos, tinham um objetivo de ver o aluno passar de série, todos são fundamentais para a aprendizagem, mas a prática exercida era aquela de provas e testes, que queria apenas o resultado, e com isso saber se o aluno deveria passar ou não de uma série para a outra. Os alunos se interessam em saber o processo da promoção, saber o que eles devem conseguir e o que vão fazer para poder passar de uma serie para outra, eles são muito atentos nessa parte. Com o passar dos meses as notas vão surgindo e são observadas, mas não interessa como foi conseguida ou algo do tipo. Os professores com o uso da prova ameaçam os alunos, principalmente quando ele nota que o seu serviço não está surtindo o efeito esperado, ele então começa com as ameaças de várias maneiras, tanto anunciando a prova e dizendo para eles estudarem, caso contrário, eles vão se dar mal. E também ocorre o terrorismo homeopático, o professor anuncia a prova um tempo antes e vai assustando o aluno dizendo o grau das questões, que por sinal são muito difíceis. O que interessa para os pais são as notas, isso é notado na reunião de pais e mestres que acontece em todo o final de bimestre, nessa reunião é entregue o boletim com as notas, os alunos que tiraram notas baixas, o professor chama seus pais e conversam para ver o que está acontecendo, mas aqueles que tiraram boas notas não tem a necessidade de conversar com o professo, mostrando mais uma vez que o que interessa são as notas. O sistema social se contenta com as notas obtidas no exame, toda a escola tem que ter a mesma prática pedagógica, tem que andar nos conformes, caso essa escola tente mudar alguma coisa, ela é autuada e começa as reclamações dos pais. As escolas praticamente são obrigadas a aderir a esse modelo, porque se elas querem fazer uma coisa nova, elas não podem, são logo julgadas e levam punição. O sistema de exames e suas consequências em termos de notas e manipulações, polarizam a todos. Não é praticada a analise critica dos alunos, para assim encaminhar de forma mais significativa, isso está adormecido. Nossa prática é a do exame, e se as notas estão boas, os alunos estão indo bem, então nada mais interessa. Existem alguns desdobramentos na relação aluno-professor, quando o professor quer ele faz aquelas provas para reprovar os alunos, provas nas quais ele coloca perguntas fora do conteúdo, perguntas mais complexas, isso tudo para revidar e ameaçar os seus alunos, caso eles não estejam gostando de alguma coisa. Outra prática é a do ponto a mais ou a menos, atribuindo pontos para alunos por exemplo que na próxima aula venha com pesquisas, conteúdos que os professores pedem para ser pesquisados, mas que está fora do contexto deles. Para concluir, o medo é um fator importante no processo de controle social, a castigo por sua vez é o gerador do medo. Existe vários tipos de castigos, mas o eficiente é o castigo psicológico, que é a ameaça de um castigo físico, com isso o sujeito vai ficar sempre ameaçado, talvez ele nunca vai ser castigado, mas ele vai está sempre de alerta ligado. A avaliação da aprendizagem por meio de ameaças tem exercido esse papel nas salas de aula. 
 
 LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.35-44

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